Júlio Prestes também queria um Brasil de laranjas

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A Crise de 1929, ocasionada pela quebra da bolsa de valores de Nova Iorque, que atingiu em cheio a economia brasileira, mudou a ordem política no Brasil, acabando com um pacto oligárquico que já durava mais de trinta anos. Era a chamada política do café com leite, em que pecuaristas mineiros e paulistas barões do café se revezavam na Presidência do País, garantindo assim a estabilidade da República Velha (1894-1930).

O crash que completa 90 anos em 2019, provocou uma forte queda nos preços internacionais das commodities, incluindo o café. Naquela época, o Brasil era fortemente dependente das exportações do produto e tinha uma enorme dívida externa, que precisava ser financiada com essas vendas. Além da queda nos preços, a crise provocou uma diminuição na renda e no consumo no mundo inteiro, prejudicando ainda mais as vendas de café. As exportações da matéria-prima, que chegaram a US$ 445 milhões em 1929, caíram para US$ 180 milhões em 1930. A cotação da saca no mercado internacional, caiu quase 90% em um ano.

Diante desse cenário de turbulência econômica, o candidato da oligarquia cafeeira de São Paulo, Júlio Prestes de Albuquerque, indicado pelo então presidente Washington Luís, defendeu na campanha presidencial de 1930 que o Brasil se especializasse na produção de laranjas, para assim superar a crise. "A laranja salvará o café", dizia o candidato paulista, enquanto outros defendiam a industrialização nacional.

Presidente eleito do Brasil, Júlio Prestes não tomou posse em razão da Revolução de 1930, liderada pelas oligarquias dissidentes de Minas Gerais, Paraíba e Rio Grande do Sul, que tinham como figuras de proa Antônio Carlos Ribeiro de Andrada e Getúlio Vargas. Embora esse movimento tenha sido um golpe de Estado armado que depôs Washington Luís, ele impediu o País de se tornar um grande laranjal e representou a superação do modelo de economia agrário-exportador, herdado do período do Brasil Colônia e mantido no Império, mediante a implementação do modelo urbano-industrial, que passou a priorizar a indústria brasileira, considerando-a como política de Estado.

A partir da década de 1930, a sociedade brasileira passa por profundas transformações e direitos sociais são conquistados após anos de luta dos movimentos sociais em geral. Voto feminino, voto secreto e a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) são algumas das conquistas no campo social. Na economia, destaca-se a modernização do País e criação de indústrias de base, que incluíram principalmente os ramos siderúrgico, metalúrgico, petroquímico e de cimento.

Noventa anos depois, o presidente Jair Bolsonaro, eleito por uma fraude, diga-se de passagem, transformou a nação brasileira numa República laranjeira. E isso pode ir muito além do esquema de candidaturas laranjas do PSL e do laranja da família Bolsonaro, o tal do Fabrício Queiroz. Os laranjas chegaram ao poder para acabar com os direitos da população, reintroduzir valores arcaicos e destruir a indústria nacional, levando de volta o País ao período anterior aos anos 30 e, quem sabe, transformando literalmente o Brasil num vasto laranjal. Júlio Prestes teria muito orgulho dessa corja que está “governando” o País.

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