Morte de jovem negro é sintoma do Estado policial que foi implantado no país

A foto do perfil de Davi no Facebook diz: “Sou amapaense e sou Bolsonaro”.


A morte do jovem negro, Pedro Henrique Araujo, de 25 anos, pelo segurança bolsonarista, Davi Ricardo Moreira Amancio, que deu um mata-leão (ou uma gravata) e estrangulou o rapaz, no supermercado Extra na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, está bem longe de ser um fato isolado. Esse assassinato cruel, que aconteceu na última quinta-feira (14/02), é sintoma do Estado policial que foi implantado no país recentemente e não deve ser avaliado fora do contexto geral da política brasileira.

Isso é resultado da escalada fascista que elegeu o presidente Jair Bolsonaro, que adora fazer discurso de ódio e  dizer que “bandido bom é bandido morto”, como se essa medida fosse uma solução para a criminalidade. Também é consequência do desgaste das instituições nacionais que aderiram de vez ao bolsonarismo e colocaram na ordem do dia um conjunto de propostas que intensifica o encarceramento em massa, o endurecimento das penas e o aumento da repressão que visa a população pobre, de maioria negra, em especial os jovens da periferia, dos quais 60% sem antecedentes criminais já sofreram violência policial.

Em vez de investirem em educação, fortalecerem o ensino básico e incluírem em cursos de graduação mais jovens negros – apenas 12,8% dessa população consegue se matricular em universidades, ao passo que 26,5% de jovens brancos cursam nível superior – os governantes atuais estão preocupados mesmo é em promover mais matança nas favelas e exterminar quem ver pela frente. A já falida política nacional de combate ao crime, que vitima três pessoas negras a cada quatro indivíduos mortos pela ação policial, gerou a polícia que mais mata, e também a que mais morre em todo o mundo, segundo diversos organismos, como a Anistia Internacional e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. O investimento na segurança pública, incluindo a melhoria nas condições de trabalho dos policiais, que infelizmente é apoiado por boa parte da esquerda, é, portanto, uma política essencialmente reacionária e não combate a violência, que aumenta cada vez mais.


Ainda assim, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, elaborou um pacote "anticrime" contra pobres, negros e periféricos, sob o pretexto de "combater a corrupção" e o "crime organizado". O projeto de lei de Moro, que também objetiva perseguir a esquerda, além de dar licença para matar aos agentes da repressão, vai ao encontro do plano do governador fluminense Wilson Witzel, que é ex-juiz federal, de ter atiradores prontos para para "abater" quem esteja portando fuzil nas ruas do Rio de Janeiro. A ideia de Witzel, já defendida nas eleições de 2018, é orientar a polícia a "mirar na cabecinha e… fogo".

O fato de Davi ter sido preso em flagrante, mas deixado a Delegacia de Homicídios do Rio de Janeiro na madrugada desta sexta-feira (15/02) e indiciado por homicídio culposo (quando não há intenção de matar), sendo que o homicídio foi claramente do tipo qualificado e um excesso na legítima defesa, pois o segurança foi até o fim e não largou o rapaz, que morreu no hospital depois de uma parada cardíaca e era portador de demência mental, segundo depoimento do padrasto do jovem, mostra que a Lei do Moro já entrou em prática: matar primeiro, perguntar depois.

Assista ao vídeo abaixo que registra o exato momento em que o segurança imobiliza e mata o menino e tire suas próprias conclusões. A população tentou intervir: "Tá desmaiado", "Ele tá com a mão roxa", "Enforca não! Ele não tá armado". No entanto, os demais seguranças do Extra foram cúmplices do assassinato e nada fizeram. A mãe do garoto estava com ele no supermercado, presenciou tudo e está em choque.


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