Foi um erro apostar todas as fichas nas eleições deste ano

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Apostar todas as fichas nas eleições deste ano foi um grande erro da esquerda. Até votei, nos dois turnos, em Fernando Haddad para presidente da República e não me arrependo disso. Concluí que seria absurdo ficar neutro entre um candidato civilizado e um fascista. Contudo, já estava bem claro, naquele momento, que as chances de derrotar o fascismo pela via eleitoral era praticamente nula, inviável e não resolveria a profunda crise brasileira.

É preciso dizer que o PT recuou em todos os momentos, não combateu os extremistas, subestimou o Bolsonaro e até cantou vitória antes do tempo. O partido também abdicou da luta política e da mobilização popular, contando tão somente com a transferência dos votos de Lula para Haddad. Vendendo ilusões, alguns canais e sites de esquerda diziam que o ex-prefeito de São Paulo estava "com a mão na taça" e que iria "ganhar no 1º turno". A disputa foi para o 2º turno e ainda assim a esquerda não levou. Disseram também que o Brasil iria eleger a maior bancada progressista da história. Mas não foi desta vez.

Como consequência da falta de luta, os petistas foram derrotados nas urnas naquele domingo fatídico, no dia 28 de outubro de 2018. Se melhor das hipóteses o candidato petista ganhasse as eleições, ele não vai teria vida fácil, nem conseguiria fazer nada de positivo no governo, agravando a turbulência nacional. Boa vontade de um governante por si só não serve para nada. Um bom governo é sempre resultado da correlação de forças no âmbito da sociedade.

Além do mais, o desempenho geral dos candidatos de esquerda, que disputaram vagas de cargos legislativos, é de chorar. Se considerarmos apenas o Senado, aí que a coisa fica feia mesmo. Na disputa para os governos estaduais, nem se fala. Vide o caso de Fernando Pimental no estado de Minas Gerais. O número de governadores do PT caiu, embora a maior parte dos eleitos seja do partido. Claro, nem tudo está perdido. A maior bancada da Câmara dos Deputados ainda é petista. Mas é preciso reagir.

A passividade do PT em relação aos ataques da direita, durante 13 anos de governo, permitiu o avanço do golpe de Estado no Brasil. Golpe que depôs a presidenta legítima, Dilma Rousseff, prendeu o ex-presidente Lula e elegeu o fascista Bolsonaro. Golpe que foi dado para sustentar a Ditadura do Mercado que aumenta o lucro dos bancos, retirando recursos de servidores, trabalhadores e aposentados, que não terão novos reajustes, e passando tudo para o "serviço" da dívida.

Rui Costa Pimenta, presidente do PCO, que é disparado o melhor analista de política da esquerda e, quem sabe, até do país, já previra com a sua lucidez o avanço fascista e o golpe há muito tempo. Enquanto isso, os petistas achavam que governavam um regime democrático 5 estrelas, inabalável. Esquerdistas em geral têm que sair do mundo da fantasia e considerar mais o que diz o Rui.

As eleições deste ano foram as mais fraudulentas da história do país. A prisão de Lula sem provas, retirando-o da disputa eleitoral, foi um jogo sujo dos golpistas e a antecipação da vitória dos setores reacionários. De qualquer maneira, a esquerda e o país sairiam perdendo após isso. A propósito, a justiça, cujo maior expoente é o futuro ministro da Justiça, Sérgio Moro, que está à frente de todo o processo persecutório contra Lula, tem interesse em manter o líder do PT preso e isso está muito claro. Os órgãos de imprensa, em especial a Rede Globo, também estão por trás disso.

É preciso dizer, ainda, que eleições nunca mudaram nada em país algum. Toda a conquista da sociedade em geral foi obtida mediante luta e mobilização. No Brasil, a ditadura militar, por exemplo, foi derrotada pelas manifestações populares, e não pela via eleitoral. Foi nesse contexto de lutas, incluvive, que surgiu a figura de Lula, a CUT, o MST e o PT. O terreno fértil da esquerda é e sempre será a rua. Tentar mudar o mundo pelas instituições, que é de onde os poderosos mandam e controlam tudo, não é uma boa estratégia.

Mais do que nunca, deve haver uma mobilização geral. O povo temos que ir para rua e exigir que a mudança seja feita. Tem que fazer greve geral e manifestações em todo o país. Os movimentos da sociedade civil devem se articular para barrar essa ofensiva golpista que quer tomar conta do país e retirar os direitos dos trabalhadores. Os caminhoneiros brasileiros, bem ou mal, mostraram que o caminho é a mobilização. Os franceses, do "colete amarelo", também estão mostrando isso. O povo tem que sair às ruas, acirrar a luta de classes e botar para quebrar.

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