Finalmente
Lula e Sérgio Moro estiveram cara a cara. Em Curitiba, o petista
depôs sobre o caso do triplex do Guarujá e se defendeu das
acusações feitas a sua pessoa. Pelo fato de ser um grande ator da
cena política brasileira, Lula arrastou multidões à capital do
estado do Paraná. Oriundos de diversas partes do Brasil, militantes
contrários e favoráveis ao ex-presidente se concentraram em alguns
pontos da cidade.
Durante
o depoimento que durou quase cinco horas, Lula se manteve sereno e
respondeu às diversas perguntas feitas pelo juiz. Sem nenhum
exagero, o ex-presidente também chamou a denúncia sobre o triplex
de “política” e criticou duramente o jornalismo dos grandes
meios de comunicação.
Ricardo Stuckert - 10.05.2017. Fonte: Portal iG. |
A grande imprensa, o Ministério Público e o Poder Judiciário formam o núcleo político-ideológico que tem como finalidade manipular a opinião pública e desgastar o campo progressista. A Operação Lava Jato, com o apoio das grandes redes, não dá trégua ao Partido dos Trabalhadores, recusando a investigar políticos do PSDB e de outros partidos. A grande missão da República de Curitiba é destruir o principal partido de esquerda brasileiro e prender o político mais popular do país. Mas parece que os golpistas ainda não se deram conta de que quanto mais tentam prejudicar Lula e tirá-lo do páreo, mais ele ganha força para derrotar os adversários. Por outro lado, se conseguirem prendê-lo, criarão um mártir.
Questionada
por diversos juristas e especialistas do ramo, a Lava Jato contém
ainda uma série de irregularidades. As prisões de políticos e
empreiteiros são deveras arbitrárias e não estão respeitando o
Estado Democrático de Direito. Para se ter um exemplo, mandar
prender um indivíduo para que o mesmo faça uma delação premiada é
um absurdo total do ponto de vista jurídico. Uma espécie de tortura
que só encontra paralelo num regime totalitário.
Além
do mais, a força-tarefa está destruindo empresas da construção
civil e do petróleo que fazem parte do patrimônio brasileiro e
cumprem a função social de gerar empregos e pagar tributos.
Resumindo: não basta ser seletiva e autoritária, tem que destruir
também a economia nacional.
Não
estou vilipendiando a importância do combate à corrupção. Casos
comprovados de pagamento ou recebimento de propinas, superfaturamento
e malversação de recursos públicos têm que ser punidos com todo o
rigor da legislação vigente. Dito isto, combater a corrupção é
como se alimentar, tomar banho e escovar os dentes; tem que ser todos
os dias.
No
entanto, o combate à corrupção não pode ser um agenda central do
Estado. Ela é resultado de problemas maiores, tais como a
ineficiência da máquina pública, que precisam ser resolvidos antes
de tudo. Existem questões mais graves, como por exemplo a
desigualdade social, que devem ter uma centralidade maior na pauta de
uma nação comprometida com o desenvolvimento e a melhoria das
condições de vida de sua sociedade.
Um
país não pode parar para acompanhar uma guerra contra corruptos, se
é que este é o objetivo do juiz Moro e do Ministério Público,
esquecendo-se das grandes mazelas que o impede de dar um grande salto
rumo à prosperidade. A Operação Lava Jato da forma como está
sendo conduzida serve, portanto, para desviar o foco das propostas
apresentadas pelo governo golpista de Michel Temer que visam
dilapidar os direitos sociais, ampliando assim o abismo entre ricos e
pobres.
Outro
perigo da força-tarefa é a prática de jogar a favor a opinião
pública e não julgar os processos de acordo com as normas e falando
nos autos. Quando a justiça cede à pressão popular e não aplica
os preceitos da lei, pode está praticando um ato de linchamento
contra quem está sendo julgado. Em qualquer regime democrático o
poder emana do povo. Os representantes do povo são escolhidos pela
maioria e devem atender as demandas populares. Contudo, a vontade da
maioria precisa ter limites, senão ela pode se tornar uma ditadura
da maioria sobre a minoria.
A
perseguição ao ex-presidente Lula é inadmissível num país dito
democrático. A pressa em condenar o petista é para impedi-lo de
concorrer à presidência nas próximas eleições em 2018. Se
necessário, jogam sujo para conquistar o poder como no caso do
impeachment fraudulento de Dilma Rousseff. Por conta disso, o país
está ingovernável e não apresenta perspectivas animadoras de
crescimento econômico num futuro próximo.
O
Brasil precisa reencontrar o caminho da democracia para que possa
voltar à normalidade política e resolver os seus impasses dentro da
lei e da ordem. Defender o Lula é defender os cidadãos brasileiros.
Se um ex-presidente tem os seus direitos desrespeitados, quem dirá
um cidadão comum. Do mesmo modo que ninguém está acima da lei, não
há ninguém que não tenha o direito de ser protegido por esta mesma
lei. Nós, o povo brasileiro, precisamos, portanto, lutar por um país
mais justo para o Lula e para todos.
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