Aécio e Temer agiam juntos para impedir avanço da Lava Jato. |
As
coisas já não estavam muito boas para o presidente golpista Michel
Temer. Para agravar ainda mais a situação do traidor de Dilma
Rousseff, algumas conversas entre ele e um dos donos da JBS, Joesley
Batista, foram interceptadas em gravações de áudio em que o
presidente é informado pelo empresário sobre o pagamento de mesada
ao ex-deputado Eduardo Cunha. Aliviado, Temer supostamente dá o seu
beneplácito e afirma: “TEM QUE MANTER ISSO, VIU?”. Os áudios
foram entregues à Procuradoria-Geral da República e fazem parte da
delação premiada de Joesley.
O
escândalo veio à tona que nem uma bomba de destruição em massa e
fulminou de vez a governabilidade da gestão atual. A descoberta do
esquema de obstrução da justiça abalou a República Brasileira e
certamente custará o emprego do peemedebista. O imbróglio em que o
governo se meteu o coloca agora em uma condição irreversível. A
cassação de Temer é um questão de tempo, já que o incriminado
presidente teve ainda o despudor de afirmar que não renunciará ao
cargo.
Ao
saberem da notícia, muitos brasileiros a celebraram nas redes
sociais. A exultação frenética daqueles que são contrários ao
patife golpista foi imensa. Contudo, a sociedade brasileira não tem
motivo algum para comemorar.
A
razão do desejo da queda de Temer está relacionada com a emergência
da aplicação das reformas anti-populares que são do interesse do
patronato e que o atual presidente não está conseguindo realizar.
Os setores da burguesia estão se articulando para escolher alguém
que seja mais eficaz na condução de tais medidas. A pressão sobre
Temer é gigantesca entre os poderosos. Até as Organizações Globo
já pediram o seu afastamento. Definindo em poucas palavras: um golpe
dentro do golpe.
Os
diálogos também revelam que o agora ex-presidente nacional do PSDB,
senador mineiro Aécio Neves, tinha plano para embaraçar os
andamentos da Operação Lava Jato. A ideia do ex-governador de Minas
Gerais e candidato à presidente derrotado nas urnas por Dilma
Rousseff em 2014 era que Temer substituísse o ministro da justiça,
Osmar Serraglio, por outrem que interferisse na Polícia Federal em
favor do político tucano.
Na
conversa, Aécio chama Serraglio de “um bosta de um caralho” e
faz críticas ao governo aí presente. A máscara do político
mineiro caiu, definitivamente, descartando-o da possibilidade de
disputar à presidência no ano que vem. A casa caiu também para
Andrea Neves, irmã de Aécio, que já está presa, Zezé Perrela,
deputado Rocha Loures e para um certo fã de Dallagnol, o procurador
da República Ângelo Goulart Villela.
A
situação da política de momento é de causar perplexidade,
indignação e muita vergonha de ser brasileiro. O país está
mergulhado em uma profunda crise sem precedentes e que tem tudo para
piorar. O impeachment da presidenta Dilma tornou o Brasil
ingovernável e fora do controle até das classes dominantes. Além
do mais, o alvoroço causado pelas gravações de Joesley pode servir
como pretexto para dizerem que a Lava Jato é imparcial e, assim,
poderem abrir o caminho para a prisão de Lula. Lembrem-se, o alvo
principal ainda é o ex-presidente.
O
Estado de exceção, que sempre imperou nos morros e favelas do país,
tomou conta do cenário político brasileiro. Se o judiciário e a
polícia são perversos com políticos e empresários, quem dirá com
pobres, negros e deserdados. Um exemplo de ataque frontal aos
direitos humanos é a confirmação por parte do STF de que a prisão
após segunda instância vale para todos os casos. Quem você acha
que leva a pior com essa decisão? Por uma questão de apego aos
valores constitucionais e democráticos, as arbitrariedades da
justiça precisam ser criticadas mesmo quando atingem o lado
adversário.
Por
fim, tudo o que está acontecendo no país é o mais grave sintoma de
que o sistema político nacional é a grande fonte da corrupção
desenfreada, incontrolável e praticada em grande escala.
Necessita-se, portanto, de uma reforma política, mas não somente.
O
Brasil precisa investir massivamente em educação, dando um salto na
qualidade de ensino em locais, como a periferia das cidades, a zona
rural e as regiões mais pobres, que são habitados pela população
mais carente do ponto de vista socioeconômico. O Estado infelizmente
não alcança certos extratos sociais, o que compromete, por sua vez,
o futuro de muitos jovens. Eleitores bem instruídos nas áreas mais
remotas do país vão permitir a verdadeira renovação do quadro de
políticos nacional, desestabilizando o poder das oligarquias
regionais.
Não
se pode também ter a ilusão de que a turbulência brasileira será
resolvida somente com eleições diretas. A antecipação da escolha
popular do novo presidente da República por si só não fará o país
triunfar, ainda que a maioria da população eleja um candidato do
campo progressista. Do mesmo modo, a realização de eleições
gerais não vai retirar os brasileiros do lamaçal, podendo ter como
consequência uma réplica da representatividade política atual. O
problema central do Brasil, insisto, é a falta de um projeto de
desenvolvimento. Até quando vamos ignorar esta questão?
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