O republicano Donald Trump venceu a candidata democrata Hillary Clinton nas eleições presidenciais americanas.
Diferente do que apontavam diversas pesquisas de intenção de voto, o
bilionário foi eleito o 45º presidente dos EUA. Na disputa pela Casa
Branca, na última quarta-feira, 9 de novembro, o representante do WASP*
levou a melhor.
A eleição de
Trump não é um fato isolado e espelha perfeitamente a guinada ultraconservadora
já observada em escala global. Ainda assim não deixa ser surpreendente que um
candidato xenófobo, racista, misógino e petulante chegue à presidência da nação
mais rica do mundo. Como isso pode acontecer? Não consigo entender como políticos do perfil de Donald
Trump ainda conseguem chegar ao poder pela via democrática.
De forma bem semelhante ao fenômeno Jair Bolsonaro,
Trump açula o ódio dos cidadãos americanos contra latinos, negros, imigrantes e
LGBTs. Ao incentivar o preconceito e a intolerância, o magnata americano traz à
tona uma parcela de eleitores até então silenciosa. Portanto, eleição do republicano
representa uma ameaça aos direitos humanos e à dignidade das minorias.
No campo econômico, Trump assegurou que vai lançar
mão de algumas medidas intervencionistas. Contrariando a tradição do Partido Republicano de defender o livre comércio, o megaempresário propôs renegociar os acordos de comércio firmados pelos EUA com outros
países para preservar empregos internos e reduzir o déficit americano nas
transações correntes com o restante do mundo. O Brasil poderá ser prejudicado.
Ainda que a
eleição de Trump possa representar poucas mudanças para os brasileiros, o
republicano tem o elemento de imprevisibilidade. Não à toa, os mercados e
bolsas de valores no mundo inteiro reagiram muito mal diante da vitória do
bilionário. Por outro lado, se Hillary ganhasse a eleição seria a continuidade
do governo Obama e certamente não haveria muitas mudanças.
Trump ainda
criticou a Trans-Pacific Partnership (TPP), o acordo Transpacífico,
que é um desejo antigo do PSDB e agora interessa ao governo de Michel Temer.
Percebe-se que o apoio declarado do presidente brasileiro a candidata Hillary
Clinton estava indo ao encontro do projeto de realinhamento internacional da
economia brasileira. O TPP seria um
desastre para o Brasil, mas graças ao repúdio de Trump ao acordo o equívoco
brasileiro pode não ocorrer.
"À quelque chose malheur est bom" (boas
coisas podem vir do ruim). Esse ditado francês pode nos deixar mais tranquilos
em relação à vitória de Donald Trump. No entanto, o melhor caminho para o Brasil é procurar o fortalecimento da
política externa construída durante o governo Lula, que é a integração com os
BRICs, Mercosul e outros países em desenvolvimento, sem deixar de lado a
parceria comercial com os americanos e países europeus.
* Significa White, Anglo Saxon,
Protestant (branco, anglo saxônico, protestante), ou seja, o grupo de cidadãos
privilegiados na sociedade americana.
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