A
Proposta de Emenda à Constituição 241/2016, conhecida como PEC
241, apontada pelo governo Temer como a melhor solução para tirar o
Brasil da crise, será uma tragédia colossal para as futuras
gerações. Ao congelar os gastos públicos por um período de duas
décadas, que
passarão a ser
apenas reajustados pela inflação anual (IPCA) anterior a cada
exercício, a
PEC 241 configura uma ameaça ao conjunto de políticas sociais que
possibilitou a melhoria de vida de milhões de brasileiros ao longo
dos últimos anos. Além do mais, a medida compromete os
investimentos governamentais e serviços públicos básicos em
setores de capital importância, como saúde, educação e seguridade
social.
Essa
proposta simplesmente revoga a Constituição Federal de 1988,
suprimindo toda a proteção social garantida pela Carta Magna. Sem
consultar a população brasileira, o presidente Michel Temer
desconsidera as reais necessidades demandadas por ela, bem como o
programa de governo derrotado nas urnas. A chapa Dilma-Temer não foi
eleita para implantar um receituário de austeridade, que, diga-se de
passagem, fracassou no mundo inteiro.
A
PEC 241 tem como objetivos implícitos privilegiar o rentismo e
comprometer-se ainda mais com o pagamento de juros da dívida
pública, que já consome uma grande parcela do orçamento federal.
Ao contrário do que alegam os governistas, o desequilíbrio das
finanças públicas não é ocasionado pelo “excesso” de gastos,
mas pelo monstruoso montante de recursos públicos destinado ao
serviço da dívida. Não precisa ser um grande economista para
entender o impacto dos juros nas contas brasileiras. O quadro abaixo
demonstra de forma muito clara como o superávit primário
transforma-se em déficit nominal, após serem efetuadas as despesas
financeiras.
Visando
levar adiante o plano do golpe, a PEC 241 traz consigo um componente
perverso e desnacionalizante que busca estabelecer uma política de
realinhamento externo, voltada a submeter novamente a economia
brasileira aos interesses dos Estados Unidos. Dito de outra forma,
essa medida que restringe os investimentos na área social representa
uma adesão desenfreada e irrestrita ao neoliberalismo. Diferente do
que esperavam os economistas clássicos, o estado mínimo foi a
grande fonte de pobreza e desigualdade nos países periféricos e a
tentativa de sua implantação na economia brasileira, vis-à-vis o
esgotamento do modelo nacional-desenvolvimentista de industrialização
por substituição de importações, foi um total fracasso.
A
proposta do governo Temer significa, sobretudo, uma falta de
imaginação dos dirigentes nacionais e, por isso, a rejeição da
ideia de formular um novo projeto de país. Isso é gravíssimo e
pouco discutido. Por não ter pensado em uma nova estratégia interna na
década de 1980, o Brasil simplesmente parou de crescer e está
semi-estagnado há mais de 35 anos. O problema do país é estrutural
e o desenvolvimento brasileiro passará essencialmente pela
construção de um estado de bem-estar social, tais como em diversos
países europeus. A retomada do crescimento da economia brasileira,
assentada na reindustrialização nacional, por sua vez, será de
grande importância para consolidar o estado de bem-estar dos
brasileiros.
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