O Congresso Nacional optou por suprimir a democracia

O Congresso Nacional optou por suprimir a democracia. O que em nada me surpreende. Afinal, é o que se pode esperar de um poder legislativo majoritariamente corrupto e sem compromisso com o Brasil. Uma Câmara de Deputados e um Senado que nem de longe representa os anseios da sociedade brasileira. Conservadoras e retardatárias, as duas Casas Legislativas são frutos de uma articulação do poder econômico para obstruir um processo de conquistas e melhoria de vida de milhões de brasileiros. Não à toa, a elite brasileira, desprovida de espírito de empreendedorismo e inovação, e a mídia hegemônica apoiam desmedidamente o golpe.

Não se trata de defender a vítima desse processo espúrio e fraudulento. Já afirmei reiteradas vezes que não aprovo o governo Dilma e suas medidas no campo da economia. Aliás, sou um crítico ferrenho de sua política econômica que contribui para o agravamento da crise. Por falta de carisma e habilidade na política, e ainda pela conjuntura externa desfavorável, Dilma não conseguiu dar continuidade à efervescência econômica do governo Lula, marcada pelo crescente investimento estrangeiro e expansão factual da economia. Entretanto, não foi comprovado nenhum cometimento de desvio de conduta da senhora presidenta que justifique o impeachment. Destituir a autoridade excelsa do país sem haver crime de responsabilidade é um ato repugnante e arbitrário. Um forte revés contra mais de 54 milhões de votos. É golpe!

Com a saída de Dilma, o vice-presidente, Michel Temer, é quem assumirá o cargo da Presidência. A população brasileira vai sofrer à beça os efeitos de seu mandato. O governo Temer será temerário. Não é exagero. A equipe de governo escolhida por Temer será pior em muitos aspectos. O programa “Ponte para o Futuro” consiste na implantação do receituário neoliberal e de uma política superada, entreguista e carcomida. Uma série de conquistas da classe trabalhadora e a CLT estão sob ameaça da obsessão golpista que não acaba com a cassação do mandato da primeira mulher presidenta do país.

O atual cenário político do Brasil é uma situação fora do comum. A democracia brasileira está sendo ameaçada. Diga-se de passagem, boa parte dessa crise política também pode ser atribuída ao Governo Federal e ao Partido dos Trabalhadores. A presidenta Dilma não soube escolher um vice-presidente de confiança e agora sofre com o golpismo do PMDB. No entanto, é inconcebível uma atitude tão execrável e ignominiosa de um homem público que pode vir a servir a nação. Irrelevante e sem voto, Michel Temer é um traidor e não passa de um golpista vulgar. Um conspirador da República que apreciará tão-somente o ostracismo e a lata de lixo da história.


O último rompimento do rito democrático no Brasil não se mostrou benfazejo ao desenvolvimento do país. Os 21 anos de ditadura militar representou um retrocesso social e um aumento da desigualdade de renda. Autoritarismo este que foi combatido com muita luta e mobilização. Após um longo período de carnificina e perseguição política, enfim foi reconquistado o voto popular e garantida a emanação do poder ao povo.

Embora o regime democrático tenha somente 27 anos, é o mais longevo período de democracia da história brasileira. Ainda assim, em tão pouco tempo, houve um avanço importante na área social e milhões de brasileiros saíram da extrema pobreza. O salário mínimo cresceu de forma considerável e em termos reais. O país apreciou ainda uma expansão do ensino superior, com a criação de campi e universidades federais. 

Apesar de todos os seus defeitos, a democracia já provou ser a saída mais plausível para a solução dos problemas complexos do quinto maior país do mundo. A partir da redemocratização, o Brasil avançou inegavelmente, tornou-se uma das maiores economias do mundo, reduziu drasticamente a desigualdade social e elegeu um operário e uma mulher para a Presidência da República. 

A democracia é o único caminho para o desenvolvimento brasileiro. Se insistirmos nela, tudo dará certo. É preciso, portanto, torná-la mais robusta e revigorante; temos que fortalecê-la e não suprimi-la.

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