Nas manifestações de rua e também nas redes sociais,
constata-se que muitas pessoas que se dizem contra a corrupção e a favor da
justiça, aplaudem efusivamente as ações autoritárias do juiz Sérgio Moro. Vale
dizer, que a condução coercitiva de Lula foi antidemocrática, abusiva e rechaçada,
inclusive, por críticos de longa data ao PT, como o jurista Ives Gandra. Visivelmente, o que se percebe na Operação Lava Jato é uma punição deveras
seletiva de indivíduos beneficiados com o esquema, bem como um demasiado
atropelamento de nossa Constituição, que há pouco tempo foi denunciado em alto
e bom som por alguns juristas e advogados.
A justiça brasileira e o poder
judiciário devem apurar e investigar todos os crimes praticados na Petrobrás,
desde que não passe por cima das regras democráticas, pois agir dentro dos
limites da lei é essencial em qualquer país que preza pelo Estado de Direito.
Deve-se, ainda, investigar a todos, e não apenas os políticos do PT. Não estou
com isso querendo defender o ex-presidente Lula ou o governo. Sou favorável às
investigações e quero que políticos e empresários comprovadamente corruptos
sejam condenados e presos. No entanto, os juízes não devem condenar com base em
julgamentos políticos ou em suspeitas, dado que isso não é benfazejo para a
democracia.
Além disso, crítico também de modo ferrenho as escolhas feitas pelo
Palácio do Planalto em plena crise política e econômica. Assim que assumiu o
segundo mandato, Dilma não cumpriu as promessas de campanha e preferiu optar
por valores distintos daqueles que lhe deram à vitória. Por isso, não faz um
bom governo e a maioria dos brasileiros está indignada, e com toda a razão,
diga-se, com os rumos tomados pela presidenta. Deixa a desejar, principalmente,
no campo da economia. Com o país em recessão, a política do Banco Central é
contracionista e orientada a manter a taxa básica de juros em um patamar exorbitante.
Além do mais, tem o ajuste fiscal que prejudica a classe trabalhadora e
alimenta ainda mais o lucro de rentistas, banqueiros e especuladores.
Por outro
lado, repudio profundamente a tentativa de golpe em curso no Brasil. O
resultado das urnas, bem ou mal, deve aceito e respeitado por todos. Para vocês
que defendem a ideia do impeachment, inepto e sem fundamento, peço que reflitam
antes de tudo sobre as consequências nefastas que esse processo pode ensejar no
futuro do país e que podem perdurar indefinidamente.
Por fim, quanto à nomeação
de Lula para a Casa Civil, torço desesperadamente para que essa escolha
represente um alento para um governo fraco, acuado e impopular. Prestigiado e
benquisto por boa parte do povo brasileiro, o novo ministro é uma aposta da
presidenta para salvar o governo e a própria pele. Particularmente, acho que a indicação
de Lula para a pasta mais importante entre os ministérios é uma medida
desesperada. Dilma forçou a barra por conta das ameaças de golpe sofridas
constantemente, além de estar demonstrando que não tem habilidade política para
o enfrentamento de uma situação difícil e crucial por que passa o seu governo. Já
que a nomeação foi feita, resta torcer para que a mesma não sirva apenas para
conceder foro privilegiado ao ex-presidente, mas que também seja acompanhada de
uma mudança de paradigma do mandato da petista, a começar pela reconciliação
com os valores assumidos na campanha presidencial.
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