Dilma durante cerimônia de anúncio do Programa de Concessões de Rodovias e Ferrovias. |
Por Christopher Rodrigues (*)
Dilma anunciou no dia 15 de
agosto de 2012 o Programa de Investimento em Logística que é um
plano de concessões de rodovias e ferrovias para acelerar o desenvolvimento no
setor de transportes. A presidenta acredita ainda que o modelo de parceria
público-privada (PPP) será bem-sucedido e poderá sim resolver os gargalos da
infraestrutura brasileira.
O governo concederá 10 mil
quilômetros de ferrovias e 7,5 mil quilômetros de rodovias para a iniciativa
privada. Serão investidos R$ 133 bilhões em 25 anos
e o valor do investimento inicial, nos primeiros cinco anos, estão orçados em R$
79,5 bilhões. Nas ferrovias, serão investidos R$ 91 bilhões e nas rodovias o
total investido será R$ 42 bilhões. Assim como é a situação dos principais
aeroportos do país, as rodovias e as ferrovias também estão em condições
preocupantes e a concessão de serviços públicos é a única saída que o governo
federal achou mais viável para arrumar a casa antes mesmo da realização da Copa
do Mundo e dos Jogos Olímpicos.
A presidenta e a sua
equipe de governo insistem em dizer que concessão não é privatização. Ambas são
até diferentes, mas as consequências de uma e de outra podem ser iguais. Esse
plano não chega a ter as dimensões da política de privatizações do governo FHC,
no entanto, também não deixa de ser uma forma de alienação dos bens públicos e
garantia de enriquecimento das empresas privadas, em detrimento de milhões de
cidadãos.
Faltou dizer que os
investimentos em logística serão financiados com dinheiro do BNDES, ou seja,
recursos públicos entrarão no caixa das empresas. Significa ainda que quem paga
a conta é o povo brasileiro.
O governo agora tem de ser
eficiente na fiscalização dos serviços e impor limites para que as empresas
cumpram o que foi acordado e asseguram o retorno desejável. Mas se o BNDES tem
dinheiro para emprestar às empresas, então tem também à disposição do governo
para investir no Brasil.
O estado desempenha um
papel fundamental na economia, sendo estratégico para o desenvolvimento de
qualquer país. Seguir a concepção neoliberal do estado mínimo é um equívoco,
pois já temos provas suficientes de que a simples transferência do patrimônio
público para as mãos da iniciativa privada não traz nenhum benefício para o
país.
Privatizações ou concessões são inadmissíveis! Ambas são repudiadas pelos movimentos sociais e pela maioria da população.
Por que um governo de
origem trabalhista tem um plano audacioso como esse? Por que o governo não
valoriza o patrimônio, as empresas e os funcionários públicos? Será que a Dilma aderiu
ao neoliberalismo?
(*) Estuda economia na Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ).
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