A matéria da Agência Brasil, intitulada "Governo aumenta em 133% despesa com folha de pagamento de servidores federais em oito anos", tem um viés
tendencioso de interpretação do aumento das
despesas com os servidores federais que estão em greve desde o dia 17 de maio
deste ano. Como o título já antecipa, a matéria enfatiza o aumento
das despesas com o funcionalismo público e ainda afirma que os gastos com as
categorias em greve deram saltos impressionantes.
É como se os servidores federais
fossem excessivamente privilegiados nos últimos anos e ainda não estivessem
satisfeitos. São
matérias jornalísticas como essa que colocam a sociedade contra os
trabalhadores em greve e que alguns veículos da chamada “grande mídia”
reproduzem em suas páginas. A agência de notícias sai em defesa de Dilma Rousseff
e desqualifica o movimento grevista, ainda que de maneira dissimulada.
A reportagem não ouve as análises
de representantes do comando de greve ou sindicais, apenas considera o que
pensa um professor que apoia a posição da presidenta e chama atenção para o grau de
“endividamento” do governo federal. Dívida? A dívida com os
banqueiros, estrangeiros e especuladores? E a enorme dívida com a sociedade?
O governo também vem com a desculpa de que não é um bom momento para atender as reivindicações por causa da crise econômica. Tudo isso não passa de um pretexto da presidenta para não negociar com os trabalhadores. Que eu saiba, a crise e a dívida não impedem os preparativos para a Copa do Mundo ou para as Olimpíadas. Além do mais, quando as empresas solicitaram redução fiscal o governo não viu nenhum problema em concedê-las.
A matéria é tendenciosa e
superficial, pois deixa de fora muitos detalhes importantes, como é o caso da
equivocada meta de superávit primário. “Nos últimos
oito anos, o governo aumentou em 133% a despesa com a folha de pagamento dos
servidores federais”. Aumentou em termos nominais. E em termos reais?
Quanto foi a taxa de inflação nesse período de tempo?
Os professores das
universidades federais, por exemplo, receberam somente 8% de reajuste salarial
nos últimos 10 anos e as perdas reais acumulam em 92%.
Embora as categorias estejam a meses
negociando, ainda não houve avanços significativos devido à falta de
sensibilidade do governo. As reivindicações dos servidores públicos
federais são justas e a mobilização deve continuar até o governo oferecer uma
proposta que contempla a todos.
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