Venezuela: o novo membro que o MERCOSUL precisava

Foto extraída do site Agência Carta Maior.

Por Christopher Rodrigues (*)

Após muito tempo de resistência da direita paraguaia, a Venezuela finalmente ingressa no Mercado Comum do Sul (MERCOSUL). Esta é a primeira expansão do bloco econômico desde a sua criação em 1991. Algo que a sociedade sul-americana só tem a comemorar, pois o fortalecimento interno é de fundamental importância para o desenvolvimento dos países locais.
A decisão de entrada de um novo país no bloco cabe ao parlamento de cada país-membro e deve sempre ser aprovada por unanimidade. O parlamento paraguaio, de maioria direitista, foi o único e grande obstáculo que retardava o desenvolvimento e o fortalecimento do bloco sul-americano. Sendo assim, a posição contrária do Paraguai foi, por muito tempo, o estorvo da América do Sul.
Porém, como consequência da contradição das forças conservadoras, a deposição do presidente Fernando Lugo foi considerada antidemocrática pelos países sul-americanos e por toda comunidade internacional. Por isso, o Paraguai foi suspenso do bloco e a ocasião foi aproveitada para acelerar a negociação da entrada do país presidido por Hugo Chávez no MERCOSUL.

A grande imprensa sul-americana, aliada dos Estados Unidos, como de sempre, manifestou-se contrária à união regional. Com o bloco do sul mais forte, o país norte-americano terá maiores dificuldades para desestabilizar a região e realizar o seu antigo sonho de um dia dominar literalmente as três Américas.

O MERCOSUL agora é a quinta maior economia do mundo, com um PIB de US$ 3 trilhões (mais de 80% do PIB sul-americano). O bloco ainda passa a ter uma população de 270 milhões de habitantes (70% da população da América do Sul).

A Venezuela é uma grande importadora de alimentos e nas últimas décadas tem se empenhado bastante no desenvolvimento de seu setor manufatureiro e na diversificação de uma economia que gira em torno do petróleo.

A Venezuela no MERCOSUL anima a indústria brasileira. A busca de Chávez pela ampliação da capacidade industrial venezuelana abre perspectivas para os setores brasileiros de máquinas e equipamentos. Segundo dados do MDIC, os produtos industrializados são responsáveis por 68% da pauta de exportações brasileiras para o país vizinho. Em 2011, o volume de exportações para a Venezuela foi de 4.591 milhões de dólares e o de importação, 1.266 milhões de dólares, registrando, assim, um saldo líquido de 3.325 milhões de dólares (clique aqui para ver no blog Viomundo os gráficos que têm estes e outros dados). Percebe-se claramente ao analisar os gráficos que a Venezuela esteve em desvantagem nas relações comerciais com o Brasil, mas há uma possibilidade real de que a entrada do país bolivariano no bloco possa ser positiva na direção de reduzir essa assimetria e de trazer benefícios para ambos os países. 

Os países do bloco sul-americano possuem um grande potencial em termos de recursos naturais. São as reservas de petróleo venezuelanas (as maiores do planeta), as energias renováveis e o pré-sal brasileiros, às reservas argentinas de petróleo e gás e o potencial hídrico do conjunto dos países, que fazem dessa união aduaneira uma matriz energética de primeira grandeza.

Os países-membros já começam estudos para adesão do Equador ao Mercosul que, se for concretizada, será uma vitória ainda maior para a região. A integração econômica regional configura um importante caminho para que a nossa grande riqueza seja convertida em desenvolvimento e maior influência geopolítica.

É muito provável que os setores retrógrados tentarão erguer um muro de contenção aos desejos expansionistas do bloco sul-americano. Porém, é fato que a direita sul-americana está completamente desnorteada e, diante dessa situação, os líderes nacionais devem trabalhar seriamente para consolidar a integração do sub-continente.

Não tem nada fácil ainda, mas a Venezuela é o novo membro que o MERCOSUL precisava.

(*) Estuda economia na Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ).  

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