Reforma política por si só terá resultado muito aquém do necessário para transformar profundamente o país

Urna Eleitoral
Uma das principais bandeiras do movimento progressista, a reforma política é a grande aposta para renovar a representatividade brasileira. De fato, a medida permitirá um avanço na relação entre políticos e sociedade. No entanto, a reforma política por si só terá resultado muito aquém do necessário para transformar profundamente o país.

A proibição do financiamento empresarial das campanhas eleições foi uma decisão importante nesse sentido, mas insuficiente para desencadear uma mudança na cultura política do país. Como afirma recorrentemente em palestras o ex-governador do estado do Ceará, Ciro Gomes, “o poder econômico é um dado irremovível da realidade”. Isso porque os detentores do dinheiro continuarão exercendo influência no processo eleitoral através de outras plataformas. 

Pouco vai adiantar uma mudança de regras na política, se, por exemplo, a concentração da mídia nas mãos de políticos tradicionais não for enfrentada. No Brasil, a maioria esmagadora dos meios de comunicação regionais pertence a grupos políticos. Como se sabe, esses canais de informação não tem nada de democráticos. Trata-se de emissoras de rádio e TV que praticam a tarefa de exaltar políticos de sua predileção, ao passo que trabalham diuturnamente na destruição dos adversários. Como a população brasileira é ainda bastante iletrada e sem  muita instrução, ela tende a ser manipulada pelo arsenal midiático. Essa realidade é que torna também desigual a disputa política.

O quadro político brasileiro não passará por uma verdadeira renovação, caso o modelo educacional da atualidade persista. Além da reforma política, o país também precisa discutir um novo projeto de educação que seja inclusivo, universal e que alcance a periferia e as regiões pobres do país. Sem melhoria educacional e democratização das comunicações, a influência oligarca regional não será superada com sucesso. 

Embora haja setores que estejam preocupados com a educação e a mídia, ambos os temas não estão no centro do debate nacional. A proposta de criação de um sistema público eleitoral mais transparente, legítimo e representativo não pode estar dissociada desses fatores, sem os quais não será possível transformar a cultura política brasileira.

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