O
Projeto de Lei do Senado no
193/2016, conhecido como "Programa Escola sem
Partido",
de autoria do senador Magno Malta (DEM), é uma proposta surreal,
absurda e sem nenhum fundamento. Trata-se de um plano reacionário
cuja missão é combater o pensamento crítico nas escolas e
retroceder com a educação brasileira.
A
justificativa apresentada pelo senador se baseia na convicção de
que professores aproveitam da “audiência cativa dos alunos” para
promover as suas próprias ideias. Supostamente elaborado para inibir
a doutrinação política e ideológica nas escolas, o "Programa
Escola sem
Partido"
possui um quê de autoritarismo, haja vista que impede uma reflexão
mais profunda dos problemas sociais, políticos e econômicos dentro
do ambiente escolar.
Ao
ensinar disciplinas reflexivas, como história, ética e filosofia,
cabe ao professor fornecer ao aluno instrumentos que o permita pensar
de forma autônoma e escolher o melhor para si. No entanto, impedir
que o magistério compartilhe a sua visão de mundo com a turma na
sala de aula é um processo destruidor da atividade docente. Além do
mais, trabalhar o conteúdo escolar de maneira isenta e neutra, ainda
que seja o ideal, é de uma dificuldade muito grande.
O
Projeto de Lei, em seu artigo 2º, inciso V, estabelece que a
educação nacional deve reconhecer a “vulnerabilidade do educando
como parte mais fraca na relação de aprendizado”. Ora, tratar o
discente como fraco e vulnerável é subestimar a sua capacidade de
discernimento crítico, bem como o seu papel na consolidação de um
projeto de escola que seja verdadeiramente mais plural e livre,
contribuindo, assim, por uma sociedade melhor.
O
projeto do senador Magno Malta ainda prevê que as instituições de
educação básica deverão afixar nas salas de aula e nas
salas
dos professores cartazes com alguns princípios de comportamento.
Falando de forma bem clara, isto significa que a educação
brasileira vai regressar aos tempos de ditadura militar.
Os
defensores do projeto alegam que existe doutrinação marxista nas
escolas e universidades brasileiras. No entanto, a realidade da
educação nacional é bastante diferente do que é dito e propalado
pelos adeptos desse programa fascista. No Brasil, a escola é um
espaço incrivelmente conservador, quase monocrático e calcado nos
valores ocidentais, eurocêntricos e capitalistas.
A
esmagadora maioria dos estudantes que se formam não pensam em
integrar algum movimento social de esquerda ou tornar comunista.
Grande parte dos recém-formados estão preocupados tão somente em
trabalhar, ganhar dinheiro e consumir. Muitos deles não têm projeto
de vida e pouco possuem base teórica, política e cultural para
expressar o exercício da cidadania. Existem, sim, problemas sérios
com o ensino do país. Porém, nenhum tem relação com as questões
políticas e ideológicas que são apontadas pelo "Programa
Escola sem
Partido".
Em
resumo, o Projeto de Lei do Senado no
193/2016 é um programa que tem objetivos escusos de enfraquecer o
ensino público brasileiro e faz parte do plano golpista, encabeçado
pelo senhor Michel Temer, de suprimir os direitos dos cidadãos
brasileiros, em favor de uma plutocracia que aposta na ignorância do
povo para que possa mandar e desmandar no país.
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