A esperança na Copa do Mundo e nos Jogos Olímpicos

Por Christopher Rodrigues (*)

O grau de ceticismo é muito elevado em relação à Copa do Mundo e aos Jogos Olímpicos que serão sediados no Brasil. Eu também não estou muito otimista, mas comecei a ter um pouco mais de esperança depois que li um texto (leia aqui) na Carta Capital. Um trecho do texto afirma que aqueles países que investem mais em áreas não-esportivas têm mais chances de serem beneficiados no futuro. "Os países que constroem menos estádios novos e gastam mais em renovação urbana em geral podem desfrutar melhor o legado de seus eventos. De fato, quanto melhor a infraestrutura se entrelaça com as exigências mais amplas da economia anfitriã, maior a probabilidade de oferecer um verdadeiro benefício em longo prazo", afirma o texto. Foi o caso de Barcelona que, segundo um estudo, as instalações esportivas representaram apenas 9% do total de investimentos em construção para as Olimpíadas.

A falta de infraestrutura é um dos gargalos que inibi o nosso desenvolvimento. Os investimentos nessa área deverão ser maiores o suficiente para receber o mundo, porém, não serão futuramente vantajosos se o Brasil tiver uma visão imediatista, apenas no intuito de obedecer às exigências das organizações esportivas e agradar turistas e autoridades do mundo inteiro, que virão prestigiar os megaeventos.

Temos um exemplo negativo em terras brasileiras: o Pan 2007 no Rio de Janeiro foi um sucesso, mas após o seu término muitas das instalações esportivas, construídas ou reformadas para o evento, tornaram-se subutilizadas. Das arenas esportivas que são aproveitadas, o setor privado as usa em benefício próprio em detrimento de milhões de cidadãos que financiaram os gastos mediante pagamentos de impostos.

Os países que recentemente sediaram eventos esportivos dessa magnitude entraram em crise ou dificuldade econômica. É o caso da África do Sul, da Grécia e até dos Estados Unidos. Neste último, a Copa de 1994 causou prejuízos de até 9,3 bilhões de dólares às cidades-sede ao invés do esperado lucro de quatro bilhões.

Na China, houve uma série de atentados aos direitos humanos. Estima-se que, para os Jogos Olímpicos de Pequim, 300.000 pessoas foram expulsas de suas casas. Algo semelhante já ocorre no Brasil (clique aqui para saber os detalhes).

Muitas autoridades argumentam que os megaeventos abrem diversas oportunidades de trabalho e esquecem que são ofertas temporárias e que os recursos empregados na construção de estádios e em outras instalações esportivas são desviados de setores que garantiriam empregos e benefícios duradouros para a sociedade. Na África do Sul, a expectativa gerada antes e durante a copa foi substituída por um cenário de miséria e desemprego gerados após o fim do torneio.

Para que no Brasil seja diferente, devemos levar em conta as experiências de outros anfitriões e pensar mais no longo prazo.

Os governos devem se apoiar nos planejamentos necessários para as competições e fazer do PAC um paralelo que assegura os investimentos em outras áreas não consideradas relevantes para os jogos.

(*) Estuda economia na Universidade Federal de São João del-Rei.

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