Zygmunt Bauman e as 44 cartas do mundo líquido moderno



A relação entre os indivíduos na sociedade passou por uma intensa transformação e constitui a base da estrutura do mundo pós-moderno. O advento da internet e das redes sociais contribuiu sobremaneira para o rompimento dos modos tradicionais de socialização humana, estabelecendo, assim, uma nova (des)ordem das coisas. Em outras palavras, as tecnologias digitais foram decisivas para remodelar a forma de convívio dos seres humanos.
Estudioso contumaz do comportamento humano e autor de diversos livros, o sociólogo polonês, radicado na Inglaterra, Zygmunt Bauman (Poznań, 19 de novembro de 1925 – Leeds, 9 de janeiro de 2017), professor emérito de sociologia das universidades de Leeds e Varsóvia, definiu o mundo nos tempo atuais como a era da modernidade líquida. Este conceito é abordado minuciosamente por Bauman no livro 44 cartas do mundo líquido moderno (44 Letters from the Liquid Modern World, em inglês), lançado em 2011.
Bauman escreveu e enviou as 44 cartas aos leitores da Revista semanal La Repubblica delle Donne, a pedido dos seus editores, a cada quinze dias. Escritas entre 2008 e 2009, as cartas foram reunidas, editadas e ampliadas no livro em questão. Nelas, o sociólogo faz uma análise crítica à pós-modernidade e procura expor exatamente a influência das mídias sociais no processo de diluição das fronteiras entre as pessoas.
Considerado por muitos um pessimista, Bauman chama o mundo atual de líquido porque, como todos os líquidos, ele jamais se imobiliza nem conserva sua forma por muito tempo. No livro, Bauman destaca a liquidez da interação entre pessoas e demonstra como as relações humanas tendem a se tornar cada vez mais efêmeras e menos habituais.
De acordo com o autor polonês, a união matrimonial, por exemplo, vai deixando de ser uma prova de fidelidade cabal e passa a ser um acordo de conveniência. No mundo líquido moderno, caracterizado pelo consumo excessivo das massas, as “relações amorosas” são menos duradouras (relações líquidas) e o romantismo é relegado em segundo plano.
O autor também fala sobre a insegurança e o medo do indivíduo contemporâneo (medo líquido). As pessoas de antigamente tinham certeza de quase tudo; as de hoje têm praticamente só dúvidas. A dúvida que, por sua vez, torna as pessoas, especialmente as mais jovens, mais receosas quanto ao futuro. A incerteza, portanto, é uma inerência e parte essencial do sujeito pós-moderno.
Bauman ainda salienta, no seu livro, que há um desgaste da relação face a face em razão das pessoas estarem buscando permanentemente conectividade à distância. Os amigos virtuais e o sexo cibernético ganham espaço no mundo líquido moderno. Seria tudo isto o alvorecer da liberdade? Vale a pena a sua leitura...

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