Paulo Moreira Leite: A outra história do mensalão e as contradições de um julgamento político


Por Christopher Rodrigues (*)

O caso mensalão repercutiu em demasia nas páginas de jornais e revistas do país. Nos telejornais diários o assunto foi tratado como “o maior escândalo de corrupção da história”, sendo que o julgamento ainda é visto pela maioria da população como o início de um verdadeiro combate contra a impunidade e a corrupção que até então era inexistente aqui no Brasil. Mas será que esse julgamento respeitou os princípios constitucionais e da justiça? Será que foram encontradas provas consistentes e plausíveis que justificassem o rigor das condenações? 

Procurando esclarecer o que aconteceu de fato no julgamento, o escritor e jornalista Paulo Moreira Leite aborda as suas principais contradições no livro intitulado A Outra História do Mensalão/As contradições de um Julgamento Político. Com mais de 350 páginas, o livro conta uma versão muito diferente daquela que muitos jornalistas da grande mídia tiveram questão em difundir. Possui também 37 capítulos (artigos originalmente publicados no seu antigo blog Vamos Combinar) e o prefácio de Jânio de Freitas, colunista da Folha de São Paulo e um dos mais importantes jornalistas do Brasil. Para sustentar seus argumentos, Paulo teve a questão de colocar em seu livro declarações de professores, advogados e especialistas do direito para confirmar a manipulação da mídia e a parcialidade do Supremo Tribunal Federal (STF).

Um jornalista renomado e fiel aos fatos, o autor desse livro trabalhou em importantes canais da mídia brasileira. Foi correspondente em Paris e Washington, redator chefe da Veja e diretor da Época. Atualmente ele é diretor da Istoé (em Brasília), onde tem um blog. Uma pessoa que ama sua profissão e trabalha nela desde os 17 anos.

Com uma linguagem textual minuciosa, profunda e esclarecedora, o escritor e jornalista é genial em sua análise que não deixa a menor dúvida para quem for ler o livro. Argumenta que o julgamento do STF foi de natureza política, com abuso de poder da maioria dos ministros e afronta óbvia à constituição federal. O principal objetivo de julgar o mensalão foi condenar líderes do Partido dos Trabalhadores (PT), tais como Dirceu e Genoíno, interferir no resultado das eleições municipais de 2012, atingir a popularidade de Lula e enfraquecer Dilma até em 2014. Apesar de mais antigo,  o mensalão mineiro não recebe o mesmo destaque e tratamento e nada indica que o seu julgamento esteja próximo.

Paulo Moreira Leite também chama a atenção para o fato de que não cabe ao STF cassar o mandato de parlamentes, sendo prerrogativa apenas do poder legislativo fazer isso. O artigo 55 da constituição é transcrito em várias passagens do livro para que não haja a menor dúvida quanto à sua clareza.

Um livro cujo conteúdo precisa ser amplamente divulgado e lido por todos aqueles que se interessam pela política brasileira. Seu assunto precisa ser debatido em universidades, sindicatos, associações comunitárias, etc. Essa obra, sem dúvida, ainda vai incomodar muita gente (entre eles mídia e PSDB) que apostava que o “mensalão” iria culminar com o regresso do conservadorismo e a derrota do PT nas eleições de São Paulo.

(*) Estuda economia na Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ). 

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