Foto: Roberto Stuckert Filho/PR |
A crise externa e o pessimismo do
empresariado foram os principais fatores responsáveis pelo o modesto desempenho
da economia brasileira em 2011 e no primeiro semestre de 2012. A desaceleração
da atividade econômica é preocupante e obrigou o governo brasileiro a tomar uma
série de providências cabíveis.
O governo trabalhou seriamente na política cambial e conseguiu realizar uma considerável desvalorização da moeda brasileira. A taxa de câmbio valorizada ajuda a encarecer os produtos nacionais no exterior, além de estimular a importação e abrir escancaradamente o mercado interno para os
produtos estrangeiros. Hoje esse problema foi amenizado e o dólar está cotado a mais ou menos R$2,00.
Na política monetária, o Copom já
reduziu a Selic de 12,5% para um patamar de 8%. Com inflação controlada, o
governo busca baratear o crédito, elevar o consumo das famílias e estimular a
produção no setor privado. Para reduzir o spread bancário, a Caixa e o Banco do Brasil estão reduzindo as suas taxas e há uma possibilidade dos bancos privados fazerem o mesmo.
Outra aposta para reaquecer a economia é a desoneração da indústria automobilística. O governo abriu mão de R$ 26 bilhões de reais em impostos (IPI, folhas de pagamento) - para mais informações clique aqui e aqui - na tentativa de manter empregos e melhorar as vendas de montadoras que operam no país. O Plano Brasil Maior, inaugurado para incentivar a produção industrial, foi bem recebido por trabalhadores e empresários da indústria, mas considerado insuficiente para inibir o processo de desindustrialização.
Apesar de tudo, as medidas do governo não surtiram efeito e a economia brasileira continua crescendo a níveis rasteiros. Os juros não sofreram forte queda e o aumento da inadimplência é a principal justificativa dos bancos e da grande mídia corporativa. Os empresários ainda estão pessimistas e a crise na zona do euro contribui para tal. As famílias, por outro lado, estão mais confiantes. O aumento real de renda e a ampliação de programas como o Bolsa Família tornaram os pobres mais propensos ao consumo e os gastos familiares são cada vez maiores. Porém, a economia não será muito dinâmica sem a participação empolgante do setor secundário.
A explicação é simples: políticas monetárias e de desoneração não dependem apenas da ação do governo, mas também dos demais agentes da economia (famílias e empresários). A saída seria a política fiscal de gastos, ou seja, investimentos. Como afirmava Keynes, em momentos de expansão deve-se poupar e em períodos de recessão e baixo crescimento, gastar. Portanto, é equivocado o superávit primário, meta que é alcançada pela retirada de recursos da economia através de impostos para pagar os juros da dívida pública, cuja maior parte de seus credores são banqueiros, especuladores e estrangeiros. Assim, o governo está sendo um Hobbin Wood às avessas e nem é preciso explicar o por quê.
Para o que o país cresça a patamares invejados o governo atual deve ampliar os gastos e não esperar a reação tardia do setor privado. Avançar nas obras do PAC e investir em todos os setores da economia são fundamentais para que o crescimento e o desenvolvimento do país sejam alavancados. Para o Brasil ter uma indústria competitiva no mercado internacional não é necessário apenas rebaixar o Custo Brasil, é preciso também agregar valor aos produtos nacionais. Um conceito importante em economia (e até na engenharia de produção) é o custo de qualidade, e para termos o menor custo de qualidade possível, o governo deve investir pesado em pesquisa e inovação.
Apenas assim poderemos evitar a desindustrialização e assegurar um crescimento mais sustentável da economia brasileira.
(*) Estuda economia na Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ).
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