A situação política brasileira é de causar muito espanto e perplexidade. Afinal, ver uma nação poderosa e com certo protagonismo no mundo ser destruída pelo moralismo e a prepotência de alguns setores não é uma coisa fácil. Em nome da moralidade e do antipetismo, o Brasil está sendo mergulhado em uma crise sem precedentes ao serem criados problemas que confluem para o caos e que dificultam intensamente a recuperação econômica do país.
A
Operação Lava Jato é uma força-tarefa apoiada por grande parte
dos brasileiros e visa supostamente desmontar um esquema de corrupção
que envolve políticos e empreiteiras. Os moralistas de plantão
alegam que o momento é especial, tendo em vista que ricos
empresários estão indo para a cadeira como nunca antes na história
do país. O combate à corrupção é mais que um dever das
autoridades jurídicas e policiais, sendo fundamental que tenha o
beneplácito da sociedade brasileira. Todavia, essa incumbência não
pode, em hipótese alguma, ser exercida de maneira irresponsável e
espetaculosa.
O
juiz Sérgio Moro e os procuradores da Lava Jato utilizam métodos
autoritários e não consideram os impactos que as suas decisões
podem ter para os brasileiros. Prender empreiteiros que sejam
comprovadamente corruptos é uma medida correta, porém, paralisar
empresas nacionais que geram empregos (diretos e indiretos), pagam
impostos e estimulam investimentos está agravando o quadro econômico
brasileiro, além de favorecer companhias estrangeiras. Empresas como
a Odebrecht não surgem do dia para a noite, sendo que o
desaparecimento delas pode acarretar efeitos nefastos para a economia
brasileira.
Em
um momento de recessão e desemprego nas alturas, alguns
representantes do Judiciário, do Ministério Público e da Polícia
Federal estão brincando de Deus, achando que os seus atos não terão
consequência alguma para o país. Geralmente, são jovens mimados,
inconsequentes e de classe média, que por serem estruturados na vida
familiar e poderem contar com um aparato que lhes permite tempos de
dedicação aos estudos, sem precisar trabalhar, passam em concursos
públicos e pensam que podem fazer de tudo.
Mas
parece que para esses jovens justiceiros não é suficiente destruir
os setores da construção civil e do petróleo; é necessário
também prejudicar a agropecuária que corresponde 20% do PIB
brasileiro. A punição para quem coloca cabeça de porco ou papelão
em salsicha, por exemplo, deve ser bastante severa. No entanto,
alardear em rede nacional que a carne brasileira é de má qualidade,
fazer generalizações e comprometer o agronegócio foi, no mínimo,
uma irresponsabilidade da Polícia Federal para com o setor produtivo
brasileiro.
Ora,
conquistar o mercado internacional, altamente competitivo, não é
uma tarefa fácil. O Brasil tem apenas 1% do comércio mundial que
fora conquistado com muito esforço e sacrifício. Perder
consumidores no mundo por causa do exibicionismo de sábios idiotas
(expressão utilizada pelo economista Luiz Gonzaga Belluzzo) é uma
situação que não pode ser aplaudida pelo povo brasileiro. A
Operação Carne Fraca não poderia ser mais desastrada.
Para
agravar o problema brasileiro, o presidente Michel Temer se esforça
para levar adiante um conjunto de reformas que retira direitos dos
mais pobres, acaba com a rede de proteção social assegurada na
Constituição Federal de 1988 e revoga a Consolidação das Leis do
Trabalho, conhecida como CLT. Enfim, impõe um receituário
neoliberal de destruição dos modestos avanços em áreas sociais.
Neste momento, está em curso um projeto de recolonização do
Brasil, no qual quem assume o controle do país é o imperialismo
americano.
Não
à toa, a insatisfação com o governo Temer só cresce, em
contraposição à liderança de Lula nas principais pesquisas de
intenção de voto. Além do mais, o PSDB compactua com as propostas
governistas, o que ajuda a explicar o desgaste dos tucanos na opinião
pública. Não sei como o PT interpreta o enorme prestígio do
ex-presidente junto à população, mas o partido deve levar em conta
que a força eleitoral do lulismo significa também um repúdio de
grande parte da sociedade brasileira à agenda do golpe. Para a
população, Lula provavelmente representa uma alternativa ao
desmonte do país. Dito isto, é de extrema importância que os
petistas não comentam os mesmos erros e enfrentem os problemas que
afrontam a nação brasileira.
A
conciliação já provou não ser uma estratégia de governo que
possa assegurar as conquistas e feitos na política. Foi boa enquanto
durou, mas teve como resultado o desastre atual. Em 13 anos de
governo, não houve nenhuma tentativa de reforma e tampouco o
enfrentamento aos problemas estruturais. Ao invés disso, a esquerda
optou pelo populismo ao sustentar um ciclo de consumo através da
valorização cambial, aproveitando-se da conjuntura externa
favorável de alta dos preços das principais commodities produzidas
no país.
O
PT tem que aprender com os seus tropeços e, ao retornar ao poder,
dar início a um processo de articulação com as principais
inteligências do Brasil para que se formule juntamente com o povo
brasileiro um projeto nacional de desenvolvimento, priorizando o bem
estar social e a distribuição de renda. O Partido dos Trabalhadores
é o principal partido progressista e o mais importante do Brasil.
Por outro lado, as críticas ao partido precisam ser recorrentes,
pois as transigências dos ex-presidentes Lula e Dilma se deram
também com o lado sujo da política, mesmo que bem intencionadas.
Desde
a década de 1980, as contradições do PT geraram justas
insatisfações no campo progressista e algumas dissidências (PSOL,
PSTU, etc.). Contudo, a destruição do partido levará ao extermínio
de toda a esquerda, devendo isso ser considerado por políticos como
Luciana Genro e Zé Maria. Por causa do ressentimento e da falta de
compromisso com os valores da República, alguns líderes de esquerda
e ex-petistas poupam os seus maiores inimigos e fazem vista grossa
para as arbitrariedades da Lava Jato.
Vale
ressaltar ainda que alguns setores ditos socialistas não denunciaram
o golpe e até chegaram a apoiá-lo de maneira velada, não levando
em conta que o impeachment de Dilma, vendido como uma panaceia, faz
parte de uma ruptura da democracia que visa destruir os movimentos
populares e usurpar os direitos sociais. O que está em jogo no país
não é somente um partido político. Portanto, a esquerda
antipetista precisa se tocar, parar dar chiliques e começar a
enxergar a realidade além do PT.
2 Comentários
O texto é tão pequeno e sem importância quanto a fonte em que está escrito. Se a pessoa não vê que o PT é nada além de um partido capitalista, é só mais um alienado que não sabe o que é política. Ricardo da Mata
ResponderExcluirAlienado é quem pensa que essa esquerda simplória (PSTU, etc.) que vive falando besteira está defendendo o povo e a democracia. Só sabe falar mal do PT e não enfrenta os verdadeiros inimigos. Além do mais, não tem agenda nenhuma e chega a falar como fascista. Esses partidos de extrema-esquerda, com exceção do PCO, são passam de um bando de sectários e medíocres que, de tão toscos, acabam em alguns casos convergindo com a direita. Dignas, portanto, da definição de esquerda pequeno-burguesa.
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