É preciso lutar pela reestatização da Vale e de todas as empresas nacionais que foram privatizadas

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A barragem da Vale na cidade de Brumadinho, região metropolitana de Belo Horizonte, se rompeu ontem, em uma tragédia que causou pelo menos 34 mortes e o desaparecimento de 296 pessoas. O acontecimento em Brumadinho ocorreu pouco mais de três anos após catástrofe deste mesmo tipo em Mariana, quando uma barragem da Samarco (subsidiária da Vale) se rompeu em 5 novembro de 2015, matando 19 pessoas e deixando milhares sem moradia até hoje, além de causar o maior "desastre ambiental" da história do país e devastar o Rio Doce.

Outras duas barragens também transbordaram, atingindo a comunidade Vila Ferteco, em uma região com cerca de mil moradores. E pensar, ainda, que em Minas tem 50 barragens sem garantia de estabilidade. Isto quer dizer que vem mais tragédia por aí.

Esse é o resultado da política estrondosa do governo neoliberal de Fernando Henrique Cardoso que entregou a preço de banana as principais empresas estatais do Brasil para grupos estrangeiros, incluindo a Vale do Rio Doce, e, agora, de forma jocosa e cínica, o tucano presta solidariedade às vítimas, provoca a esquerda e pede que o governo Bolsonaro abra os olhos para o desastre ocorrido em Minas Gerais.


A Vale foi privatizada no dia 6 de maio de 1997, com financiamento subsidiado, disponibilizado aos compradores pelo BNDES. A "venda" da estatal por cerca de 3,3 bilhões de dólares, sem ter levado em conta o valor potencial das jazidas de minérios sob a posse da companhia naquela ocasião, foi um crime hediondo contra o povo brasileiro, já que representou na verdade a entrega da soberania da empresa nacional ao imperialismo.



FHC dizia que a Vale não era estratégica para o desenvolvimento do país e que minério não valia nada. Após a venda da estatal, veio o boom dos minérios com as compras da China e quem comprou a empresa pelo valor irrisório lucrou horrores com a valorização dos preços das matérias-primas. Até há pouco tempo o Bradesco tinha 32% da Vale. Já o povo brasileiro não ganhou nada, visto que as mineradoras não pagam impostos por causa da lei Kandir, que isenta do tributo ICMS as commodities destinadas à exportação.

Na época, a privatização foi realizada pelo governo com a desculpa de melhorar a eficiência da empresa de mineração e, ao mesmo tempo, sanear as contas públicas do país. Entretanto, os neoliberais tupiniquins visavam com isso encobrir a verdadeira razão: a entrega absoluta do patrimônio nacional para os monopólios estrangeiros, a quem eles devem até a alma.

Getúlio Vargas criou a Vale do Rio Doce em 1942. De 1942 até 1997, quando FHC privatizou a empresa, nenhuma tragédia dessa magnitude havia acontecido. Agora, com a mineradora controlada pela iniciativa privada, dois mega-desastres, várias mortes e muitos desaparecidos.

Os capitalistas que comandam a Vale estão preocupados mesmo é com o lucro e estão pouco se lixando se as barragens estão em péssimo estado de conservação. Eles querem lucrar a qualquer custo, ainda que isso dizime populações inteiras e seus próprios trabalhadores. O capitalismo não dá a mínima para o meio ambiente e, além do mais, sacrifica pessoas para ganhar dinheiro.

Mais uma tragédia na conta da Vale e nada será feito. Assim como ocorreu em 2015, os donos empresa ficarão impunes, porque o governo de Jair Bolsonaro, que pretende flexibilizar as leis ambientais, não passa de um capacho dos grandes capitalistas, como foi o governo de Michel Temer.

Calamidades dessa natureza são típicas de países subdesenvolvidos, que possuem leis muito brandas para crimes de capitalistas e não punem empresas transnacionais que usam, abusam e exploram sem limites as riquezas dessas próprias nações, bem como a mão de obra barata e sem instrução que existem nessas localidades. À medida que a crise se agrava nas economias desenvolvidas, o grande capital aumenta a exploração sobre as regiões mais pobres do planeta, recuperando assim seus prejuízos e deixando para o povo da periferia global o passivo da destruição.

O discurso de que privatizar as empresas públicas é a melhor solução para os problemas de um país não passa de uma farsa para encher o bucho dos barões da economia. É preciso lutar pela reestatização da Vale e de todas as empresas nacionais que foram privatizadas, colocando-as sob o controle dos brasileiros, pois está mais do que provado que em poder desses capitalistas irresponsáveis elas causam prejuízo e sofrimento à sociedade, em nome da acumulação de lucro.

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