Uma
sugestão que vem ganhando força no país, diante à instabilidade da política
brasileira, é a proposta de novas eleições. Proeminentes da esquerda como Paulo
Henrique Amorim, Mino Carta e Roberto Requião defendem o plebiscito. Por outro
lado, grandes nomes do ramo progressista como Ciro Gomes e João Pedro Stédile não
aprovam a ideia. Dividida a esquerda, no que concerne ao tema, fico do lado do
grupo contrário à proposta. Acho que novas eleições não resolveriam o problema
da crise, podendo agravar ainda mais o cenário político.
Dilma
foi reeleita com 54.501.118 votos para um mandato que termina somente em 2018.
Ela, de fato, é que tem legitimidade para governar o Brasil. Concordo
plenamente que o segundo mandato da presidenta (até ser suspendido pelo
impeachment fraudulento) não foi bom e descumpriu as promessas de campanha. E
que o povo brasileiro está, com toda a razão, indignado com a mandatária
petista. Entretanto, uma sociedade moderna tem que colher os frutos que planta.
Se a população vota mal, ela precisa sofrer as consequências do equívoco para
que aprenda e não cometa os mesmos erros. Nesse caso, a melhor saída possível é
pressionar o governo ruim para que ele mude e reconcilie com os grupos sociais.
Ainda assim, há uma tentativa desesperada, por parte de alguns setores da esquerda,
de sacar uma mulher vitoriosa nas urnas. Além da ingenuidade, propõem novas eleições com bastante
arrogância (vamos falar de forma clara), assumindo uma atitude prepotente e
de desprezo com relação à presidenta Dilma Rousseff. Não entendem que a
ofensiva é contra a esquerda. Logo, nenhum esquerdista terá sossego frente à
presidência da República, tampouco o ex-presidente Lula, que lidera as
pesquisas de intenção de voto. De todo modo, temos que seguir o calendário
democrático e aguardar as eleições presidenciais de 2018.
Seria
um marinismo charmoso (uma alusão à ex-candidata Marina Silva, que incutiu isso
na cabeça de alguns brasileiros), como afirma invariavelmente Ciro Gomes. Um
golpe dentro golpe, sem dúvida. Aparentemente menos nefasto do que o golpe que
é conduzido pelas forças conservadoras, já que dá ao povo a decisão de escolher
o seu representante. No entanto, com o mesmo potencial de gerar uma
ingovernabilidade horrenda no país. Além disso, novas eleições ainda vão legitimar o golpe. Portanto, não devemos optar por caminhos perversos. Temos, sim, que defender a legalidade ou, então, nunca teremos uma democracia de primeira grandeza, como nos países desenvolvidos.
A
direita sempre quis tirar a Dilma. Agora, alguns setores da esquerda têm o
mesmo desejo. A única diferença é que eles não a apunhalam pelas costas. Votei
na presidenta, não me arrependo e, apesar de todas as objeções que tenho com
relação ao seu modus operandi de administrar a economia brasileira, quero que
ela conclua o seu mandato. A experiência histórica do Brasil nos confirma que todas as vezes que
o processo democrático foi interrompido, os brasileiros sofreram duros reveses.
Será que nunca vamos aprender, companheiros?
0 Comentários