Cartaz na entrada da Rocinha em apoio a Lula |
Em pronunciamento em rede nacional de rádio e
televisão, o presidente golpista Michel Temer falou em crime organizado para
explicar a assinatura do decreto de intervenção federal, com o auxílio das
forças militares do Exército, na segurança pública do estado do Rio de Janeiro
até dezembro deste ano. Como se houvesse algum interesse das autoridades
brasileiras em enfrentar esse problema. Alguém acredita nessa conversa fiada?
A medida de Temer, baseada no art. 34 da Constituição
Federal, foi tomada justamente após um carnaval bastante politizado, que teve
sua maior expressão no desfile da Escola de Samba Paraíso do Tuiuti, de longe a
maior manifestação contra as medidas antipopulares do golpe, e num momento em
que a população fluminense já está de saco cheio dessa palhaçada, dando sinais
de que vai reagir ao caos que afeta especialmente o seu estado.
Muitas explicações são dadas de modo a esclarecer esse ato do
poder executivo federal. Uma delas apareceu em uma matéria do site The
Intercept Brasil de autoria da ativista Cecília Olliveira, cujo título afirma
que "A intervenção militar no Rio de Janeiro é apenas um show para a
televisão". Ora, essa intervenção militar seria APENAS uma presepada, isto
é, um show de horrores, do governo golpista? Vamos imaginar essa situação.
Governo convoca o Exército para combater o crime organizado e torna o Rio de
Janeiro um palco de guerra entre militares e traficantes. Seria um cenário que
beira o habitual, com a única diferença que as tropas federais assumiriam o
papel da polícia estadual. Conte uma novidade, Cecília Olliveira.
O crime organizado é, na verdade, um subterfúgio dos
golpistas para reprimir a parcela mais pobre da população do Rio de Janeiro,
que já começa a esboçar uma reação, sendo ela a principal prejudicada pela
crise econômica e política que devasta o país. Quando a fagulha vira chama, aí
fica mais difícil de controlar.
Outro caso interessante que chama muita atenção e demonstra um
possível prelúdio de uma efervescência social é o cartaz na entrada da favela da Rocinha
em apoio ao ex-presidente Lula. Com os dizeres "STF, se prender Lula, o morro vai descer", a
mensagem reflete o apoio da população, que é cada vez mais crescente, em torno
da figura do líder petista condenado pela justiça parcial de classe que o
persegue ferozmente. Na melhor das hipóteses, a intervenção militar de Temer
visa a conter a indignação popular no segundo estado mais importante
da federação.
No entanto, a profunda crise brasileira pode enveredar por um
caminho até então totalmente inimaginável pela esmagadora maioria dos analistas
de política. A intervenção federal no Rio de Janeiro pode ser a prévia de um
golpe militar. Mas por que o Rio de Janeiro? – Muitos podem perguntar. A
começar por motivos muito simples: Rio de Janeiro é um estado brasileiro
estratégico, com o segundo maior PIB e a maior densidade demográfica do
Brasil. Além do mais, se tem um estado que pode insuflar a resistência dos brasileiros contra as medidas do golpe, este estado é o Rio de Janeiro. Portanto, intervir militarmente nele é um "caminho andado" para
estender essa intervenção ao país inteiro.
Quando
achamos que chegamos ao fundo do poço, aí é que a situação pode piorar de vez e
de uma maneira sem precedentes. De todo modo, a
ação política do governo golpista de Temer é de uma irresponsabilidade gigantesca,
tendo tudo para piorar a já alarmante situação do povo fluminense.
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