Anulação do impeachment de Dilma teria maior valor para democracia do que Diretas Já


Após a encenação do julgamento do TSE, que absolveu a chapa Dilma-Temer, a esquerda insiste no seu miniprojeto insustentável de Diretas Já. Grande parte do campo progressista assegura que a antecipação das eleições diretas seria o melhor caminho para debelar o impasse político. Contudo, a mudança do processo eleitoral seria uma solução tão eficiente para o país como tapar buraco de asfalto com areia.

Do ponto de vista legal e jurídico, a proposta não é praticável, tendo em vista que a Constituição Federal prevê a realização de eleições no próximo ano. Além do mais, a manobra política de antecipar o pleito não é permitida, pois uma eventual nova regra não poderá ser aplicada à eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência. 

Depois de consumado o impeachment fraudulento, a esquerda ficou completamente estonteada. Durante o 6º Congresso Nacional do PT na capital Brasília, por exemplo, alguns dos militantes que discursaram na tribuna ora falavam de Volta Dilma, ora pediam Diretas Já. Em meio à tanta confusão, o melhor seria seguir a orientação do mestre. Lula disse durante a reunião dos petistas que as eleições de 2018 estão muito próximas e que a militância de esquerda precisa começar a se preparar para as disputas do ano que vem. Pelo visto, ninguém prestou atenção no que o ex-presidente disse no evento.

Da maneira como está sendo discutida, a proposta de Diretas Já está se tornando um grande acordão entre políticos que deram e sofreram o golpe. Os primeiros para se dissociarem do malfeito que foi apoiar o impeachment de Dilma Rousseff. Os últimos, por outro lado, para virarem a página do golpe. A esquerda parece estar preferindo o acordo de bastidores a governar com o povo. Isto é bastante lamentável.

Ainda é difícil precisar quanto tempo o país vai demorar para resolver a crise política. Mas certamente a situação brasileira não será resolvida com meros casuísmos. Neste momento, o mais importante é inflar os movimentos de rua para que consigamos barrar as "reformas" no Congresso Nacional, impedindo de certa maneira os retrocessos do governo ilegítimo de Michel Temer. 

Por fim, a solução do problema de momento passa por medidas que alterem de fato a configuração da estrutura política nacional, providenciando as ferramentas necessárias para a construção de uma obra que perdure, assim que decidirmos atacar as grandes mazelas que impedem a nossa nação de prosperar.

De antemão, lutar pela anulação do impeachment de Dilma teria maior valor para democracia do que Diretas Já.

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